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Livro Impresso

Rabo de pipa



Alegretti, Maitê Rosa (Autor)

Poesia, MaitêRosaAlegretti, LaranjaOriginal, EditoraLaranjaOriginal, RabodePipa, PoesiaBrasileira


Sinopse

Posfácio
Rasgo de cor no céu cambiante

Anna Clara de Vitto*
Diante do céu que se divisa pelas páginas de Rabo de Pipa, em um contínuo de aclimatação, os olhos leitores percorrem amplidões e confinamentos, faces do presente traduzidas em versos agudos. De repente, não se trata mais de leitura: é uma experiência de desvendamento que se inicia, especialmente daquilo que não deveria ser desvendado. Este livro nos convida à investigação tanto das claraboias e suas promessas de luminosidade distante quanto dos nenúfares, silenciosos e sugestivos, mesmo quando as esperas parecem ser a própria tessitura do tempo. Como a morte, a vida e a poesia, há coisas que não permitem incolumidade.
Compartilhando com a autora o amor pela língua italiana, me deixo encantar pelos sonoros voejos plásticos a abrir possibilidades em céus mudos, às vezes doces, muito mais vezes brutos, e penso em Antonia Pozzi, brilhantemente traduzida por Inês Dias.

Diante das portas fechadas de seu tempo, a poeta milanesa, com o peito ainda carregado de pequenos tesouros, cantava: o chi mi vende/ un fiore – un
altro fiore/ nato fuori di me/ in um vero giardino/ che io possa donarlo a chi mi attende?/ Non c’è nessuno,/ non c’è nessuno che vende/ i fiori/ per questo tristo cammino?
Cada dor ou alento pede pela sua flor, para que nos lembremos de que existe o além-espinho. Quase como que em resposta à canção de Antonia, Maitê evoca azaleias que despencam dos céus. Ao contrário do nenúfar de Ofélia, que adorna a solidão última da figura feminina enlouquecida pela opressão, as cores das azaleias, do mesmo modo que as rabiolas das pipas, fazem brotar desejo/ onde antes as mãos/ desertificavam.
Contra os desertos das esperas, o desejo, a poesia. Contra os infernos e suas múltiplas profundidades, é preciso olhar para o/ céu sempre que possível, há que re-ver, re-conhecer as estrelas. Ora através de basculantes, ora de claraboias, o olhar obstinado da autora procura a amplidão das varandas e, por fim, a liberdade dos campos, das ruas, do mundo. Rabo de Pipa, assim, revela a palavra em estado de abertura, materializada ou buscada. Novamente, o diálogo com Pozzi, que também indagou as obscuridades da vida e as confrontou com a palavra: Palavras – vidros/ que infielmente/ reflectis o meu céu –/ pensei em vós/ ao anoitecer/ numa rua sombria/
quando sobre as pedras da calçada caiu uma vidraça/ e durante muito tempo os estilhaços/ espalharam luz pela terra –. Recolhendo os estilhaços de uma realidade em violenta transformação, Maitê Alegretti reafirma a vontade irrefreável de viver e, sobretudo, de criar no ritmo do tempo que se leva desejando olhar para o céu, do tempo que se deseja criar um novo céu. A poesia da autora é claraboia, basculante, varanda, céu azul enfeitado de pipas em liberdade. É milagre.

*Anna Clara de Vitto (Santos, SP, 1986) é poeta, autora de Água indócil (Urutau, 2019) e Meada (ed. da autora, 2019), e integrante da coordenação do Clube da Escrita para Mulheres, fundado em São Paulo, em 2015, pela escritora, cordelista e poeta Jarid Arraes.

1 POZZI, Antonia. Morte de uma estação. Seleção e tradução de Inês Dias. Lisboa: Averno, 2012.

Metadado adicionado por Laranja Original em 11/04/2023

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Metadados completos:

  • 9786586042559
  • Livro Impresso
  • Rabo de pipa
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  • 1 ª edição
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  • Alegretti, Maitê Rosa (Autor)
  • Poesia, MaitêRosaAlegretti, LaranjaOriginal, EditoraLaranjaOriginal, RabodePipa, PoesiaBrasileira
  • Literatura nacional
  • Poesia / Geral (POE000000)
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  • 2023
  • 11/04/2023
  • Português
  • Brasil
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  • Livre para todos os públicos
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  • 13.5 x 20 x 1 cm
  • 0.15 kg
  • Brochura
  • 108 páginas
  • R$ 35,00
  • 49019900 - livros, brochuras e impressos semelhantes
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  • 9786586042559
  • 9786586042559
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Metadados adicionados: 11/04/2023
Última alteração: 11/04/2023

Sumário

ÍNDICE DE POEMAS

PREFÁCIO 8

INAUDITO
e se refizermos a vida? 17
distender as próximas 18
depois de uma longa estadia 19
a espessura fria de carne 20
não se perdeu nenhuma 21
o mês que vem pode 22
como anteontem 23
o balanço das árvores 24
ainda com os cabelos desajeitados 25
o tempo que leva para 26
estender a toalha no varal 27
acompanho o sol sobre o sofá 28
o riff mal executado 29
entre as colchas 30
a minha pele fina 31
à beira de lembrar 32
ontem 33
a pele tesa esconde a espera de algo 34
ao colocar os dedos sobre os olhos 35
não acomodo junto ao coração 36
durmo de bruços 37
deitar-me é em movimentos 39
Mi ricordo del mondo quando si partiva per poter
ritornare (...) 40
Lembro-me do mundo quando era possível partir
para poder retornar (...) 41
é esta a hora em que o tempo é abolido 42
se de repente é meio 43
Eppure abbassare gli occhi per distendere il corpo (...) 44
E, entretanto, abaixar os olhos para distender
o corpo (...) 45
sonhei que escrevia 46

VARANDAS

Julio sentiu um soco no estômago 49
eu nunca entendi 50
a luz laranja do apartamento 51
se você tivesse 52
as janelas dos seus olhos 53
do apartamento da frente 54
você também escova os dentes 55
os vizinhos deixam a porta aberta 56
quase todas as varandas são 57
na minha versão 58

RABO DE PIPA

de repente 61
voa 62
enroscados aos ramos da árvore 63
estão caçando restos 64
comemoram o veraneio 65
a corrida é para manter-se 66
Já foi dois 67
Tá quebrando a linha toda 68
no meio da tarde 69
mas se você olhar lá fora 70
depois de desfrutarem 71
o arlequim refém do vento 72
no próximo carnaval 73
mesmo se deixássemos de 74
as cinzas 75

NENÚFARES

brônquios encharcados 79
nenúfares 80
aos domingos 81
na Sicília 82
o ar rarefeito de Manaus 83
em São Paulo 84
em mim 85
azaleias despencam 86
o pigmento de outras flores 87
prometo não guardar 88
provisoriamente não cantaremos o amor 89
Para Gabriela 90

INDIVISÍVEL

mas para que tanto sofrimento 93
se fecho os olhos 94
o pouso 95

O TEMPO QUE SE LEVA

o tempo que se leva para escrever um livro,
terminar um livro (...) 99

POSFÁCIO 100
BIOGRAFIA 106



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