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Livro Impresso

Política selvagem



Tible, Jean (Autor), Beserra, Leonardo de Araujo (Editor)

selvagem, marxismo, rebelião, revolta, Jean Tible, marxismo periférico, autonomia, autonomismos, comunismo, socialismo, revolução


Sinopse

Mesmo sem familiaridade, sem ter me dedicado ao estudo extenso e profundo do Estado, quero dizer, ainda que intuitivamente, que é possível chegar à figuração que predominou no período pós-iluminista: a do Estado-Nação, a autoridade política cujas funções são a proteção e a preservação da body politic. Funções exercidas por causa do, porque legitimadas pelo voto. O voto, que é nada mais do que uma ação formal que expressa a decisão de uma pessoa, a escolha de uma outra para representá-lo juridicamente, isto é, nas decisões sobre a criação e aplicação das leis. Contudo, o coletivo sobre a proteção da autoridade política não resulta de uma decisão, mas de uma condição, a nacionalidade e tudo o que se relaciona com essa figuração do cultural. Esse tipo de pertencimento, que combina o territorial e o temporal, resulta de processos, eventos e outros determinantes que tratam de manifestações de uma força transcendente — uma razão final — a qual as ações individuais contribuem, mas as pessoas não decidem. Este é o Estado protetor dos membros (cujas vidas protege e cujas vontades representa) da body politic (a qual tem a obrigação de preservar, de defender de ataques externos); este Estado, desde o final do século 19, também protege e representa a coletividade da qual seus protegidos e representados pertencem.

Exatamente contra essa autoridade que protege a propriedade e a nacionalidade, a figuração da autoridade política que emerge no momento de consolidação do capital industrial é o alvo das revoltas, principalmente as do século 20. Ao descrever essas revoltas, conectando umas com as outras da mesma época e com outras do passado, “Política Selvagem” traça dois movimentos teóricos cruciais. De um lado, a maneira consistente como o Estado Nação responde a essas revoltas com repressão física ou ideológica indica que estas não se dão em condições excepcionais, nas quais as situações geralmente ficam fora do registro político — como o que ocorre em casa, no privado, que as feministas da segunda onda gritaram que o público e a decisão da suprema corte americana de tornar aborto ilegal reforçou. Não, estas condições e situações que levam trabalhadores, mulheres, militantes LGBTQ, pessoas pretas e povos indígenas à revolta são inerentes ao funcionamento e à vida do capital. São orgânicas, nos lembra Jean Tible. E, ao fazê-lo, este levanta a pergunta que persegue as teorias da democracia em um século em que esta tem sido atacada, a começar por suas fundações jurídicas (aqui tenho em mente a estrutura legal que a administração de George W. Bush pôs a funcionar depois de 09/11): qual seria exatamente a relação entre o autoritarismo e a democracia, quando vemos que as democracias mais estabilizadas tão simplesmente mobilizam seus mecanismos repressivos e antidemocráticos para lidar com essas revoltas? Lendo estes eventos, principalmente os dois últimos, 120 anos, com Jean Tible, torna-se muito difícil não ver a repressão como uma atividade vital que o Estado faz para proteger o capital. Por outro lado, esta leitura da política traz, como tenho indicado neste texto, um convite ainda mais radical. Se a repressão tem como alvo as revoltas contra o capital e sua matriz colonial, racial, cis-heteropatriarcal, quer dizer, se as funções do Estado são quatro (as três usualmente mencionadas (proteção, preservação, representação mais a repressão, a que Jean descreve operando) e se as forças da repressão sempre são mobilizadas mais efetivamente e imediatamente contra as revoltas negras e indígenas, certamente a colonialidade (enquanto modalidade de governo que usa a violência total e letal) continua operativa dentro do/no/como Estado-Nação, tanto nas ex-colônias quanto nas ex-metrópoles. Ao mesmo tempo, sua análise também sugere que a repressão às revoltas contra o cis-heteropatriarcado indica o papel crucial que a maternidade — a reprodução de trabalhadores, ao não se limitar aos que geram, mas aos que criam — cumpre para o capital.

Pensada assim, focando nas revoltas das pessoas e populações indígenas, negras, trabalhadoras mulheres e LGBTQI+, explorados, expropriados, “Política Selvagem” devolve a democracia ao loci comunis, às ruas, praças, estradas, fazendas, matas e ao alto-mar, onde esta pode e só faz proliferar!
Um belíssimo "arrastão" da rebelião. Na contramão da sisudez acadêmica e da torre de marfim teórica, com leveza e graça incomuns Jean faz o leitor passear pelos meandros mais concretos e palpáveis dos movimentos de todo tipo, feministas, negros, lgbt, indígenas, quilombolas, zadistas, bruxistas, funguistas, tudo salpicado de Zé Celso, Baldwin, subcomandante Marcos, Miariátegui. A variedade, a alternância de cores e tonalidades, a pegada afetiva, o júbilo que atravessa tudo é por si só uma ave rara que nos faz alçar vôo junto. E a coragem de um devir-índio da revolta, sempre ali presente, descaretando o discurso e a tristeza politiqueira. Particularmente felizes são as descrições sobre o movimento negro nos EUA, o movimento operaista na Itália, os feminismos, a mobilização indígena entre nós e nossos vizinhos, os antecedentes do junho de 2013 e sua próprias análise sobre a insuficiência. Para não falar dos detalhes tão bem humorados, por exemplo sobre a ética dos piratas!!!

Metadado adicionado por GLAC edições em 31/07/2023

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Metadados completos:

  • 9786586598209
  • Livro Impresso
  • Política selvagem
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  • 1 ª edição
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  • 1
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  • Tible, Jean (Autor), Beserra, Leonardo de Araujo (Editor)
  • selvagem, marxismo, rebelião, revolta, Jean Tible, marxismo periférico, autonomia, autonomismos, comunismo, socialismo, revolução
  • Humanidades
  • Antropologia / Geral (SOC002000), Colonialismo e Pós-Colonialismo (POL045000), Países Emergentes e em Desenvolvimento (SOC042000)
  • Categoria -
    Colonialismo e/ou imperialismo; Racismo e/ou discriminação racial; Atitudes sociais
    Qualificador -
    Português do Brasil; Para todos os níveis educacionais
  • 2023
  • 01/11/2022
  • Português
  • Brasil
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  • Livre para todos os públicos
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  • 14 x 21 x 1.8 cm
  • 0.45 kg
  • Brochura
  • 320 páginas
  • R$ 60,00
  • 49019900 - livros, brochuras e impressos semelhantes
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  • 9786586598209
  • 9786586598209
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Metadados adicionados: 31/07/2023
Última alteração: 31/07/2023

Áreas do selo: AutoajudaHumanidadesInfantojuvenilLiteratura estrangeiraLiteratura nacional

editora

A GLAC edições surgiu em 2016, ao experimentar a publicação de uma coletânea de textos da coletiva de arte francesa Claire Fontaine, Em vista de uma prática ready-made, e ao organizar o primeiro seminário do programa de debates Cidadãos, Voltem Pra Casa!. Após certo período, a editora parou suas atividades, retomando apenas no início de 2019 com um projeto de publicações voltado à subversão política do cotidiano e à crítica política da maneira hegemônica de agir e pensar o presente. Seus livros e atividades se voltam para propostas programáticas de caráter autonomista com a tradução de autorxs anônimos, coletivos, artistas e intelectuais, assim como de escritorxs nacionais, a fim de debater um outro radicalismo e, principalmente, com isso a importância de um escrita subjetivo-política que impulsione o leitor a autodeterminação.


nome e logo

GLAC, palavra aglutinante, entalada na boca do estômago. Ela é uma onomatopeia, o som de uma gosma ou meleca em colisão com uma superfície lisa. Por isso, suas letras se apresentam grudadas, inseparáveis. A radicalidade que propõe a GLAC é o que se quer fazer incrustar no leitor. É uma palavra-tiro que emperra, explode em si mesma!

ormato

além de um segmento bem específico, que deflagra sua curadoria acerca da radicalidade política, a GLAC elegeu um formato retangular comprido, 19 X 12 cm, assim como o P&B. acontece que compreendemos que estar contra, qualquer que seja a coisa, imputa o corpo ao trânsito, e para isso pensamos um tamanho de livro que pode ser de bolso, mas não é. que pode ser de mesa, mas não se resume a fazer do leitor um sujeito estático. o que é então esse formato? ele é também preto e branco. não porque simplesmente desejamos fazer livros com custos mais baixos, mas porque a dificuldade de realizar um design que dê conta da demanda de infâmia e da solidariedades necessárias nas lutas, entre uma elegância clássica e uma bagaceira mundana, se torna ainda mais difícil quando não se usufrui de cores. afinal, o que temos para dizer com os textos que editamos assim como com o corpo gráfico que lhes abraçam é: leia com o corpo! e se for o caso, use estes livros como coquetéis molotov. pinte o mundo a sua maneira, pois estes livros o farão desejar destruí-lo.


séries

para isso, a GLAC edições pensou em 8 projetos gráficos que se diferenciam conforme as origens dos livros que edita. são designs voltados para cada situação, cada fundação que encontra. repetimos seus designs modificando as tonalidades dos cinzas a cada livro que editamos de cada uma das 8 frentes que erguermos. pois sabemos que a vida é dotada de muitos e diferentes claros e escuros, muitas vezes indecifráveis, mais opacos do que transparentes, demasiados complexos, difíceis de determinar certeza sobre o que de fato ocorrer. editamos textos escritos por artistas, por coletivos de luta, por anônimxs, por grupos inteiros resumidos a um lema, emblema, expressão, por intelectuais radicais preocupados com fazer proposições contundentes para além de análises profundas da contemporaneidade, por dramaturgxs sensíveis o bastante para nos fazer sentir ler nossas próprias angustias e desejos, por escritorxs que se voltam aos mais degradantes debates sobre a sociedade, por muitos tipos de vozes e gestos indevidamente representados em nosso tempo. elxs se encontram abaixo, descritos ao nosso modo, em séries de livros das melhores subjetividades políticas que pudemos inventar, encontrar, selecionar e tornar públicas.

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