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Livro Impresso

Conflitos e construção coletiva
a segurança alimentar e nutricional em questão



Pacheco, Maria Emília Lisboa (Autor), Aguiar, Odaleia Barbosa de (Autor), Kraemer, Fabiana Bom (Autor), Marconsin, Cleier (Autor), Alentejano, Paulo (Autor), Casemiro, Juliana (Autor), Souto, Renata Lucia (Autor), Schneider, Olivia (Organizador), Padrão, Susana Moreira (Organizador), Kitoko, Pedro Makumbundu (Prefácio)

Fome no Brasil, Abastecimento de alimentos, Direitos Humanos, Direitos fundamentais, Política alimentar, Alimentação na escola, Restaurantes populares, Sociedade do capital, Agricultura familiar, Agroecologia, Hegemonia do capital financeiro, Acesso à água, Semiárido brasileiro, Comida é patrimônio, FBSSAN, Agronegócio e insegurança alimentar, Mapa da fome, História da fome no Brasil, Josué de Castro, Betinho e Fome Zero


Sinopse

Antes de tudo, é interessante reproduzir, no presente prefácio, o pensamento do teólogo e filósofo Leonardo Boff expresso em “O ser humano na era das grandes transformações” (A Gazeta, 25 de maio de 2015) – um dos seus últimos artigos a que tivemos acesso. Falando do ser humano na era das grandes transformações, Boff considera duas principais mudanças ocorridas no mundo: a passagem da economia do mercado para a economia da sociedade do mercado, iniciada em 1834 com a consolidação da revolução industrial, e a conscientização da sociedade sobre os males que assolam o planeta Terra, aliados ao modelo de desenvolvimento predominante.
Com relação à primeira mudança, constata-se que a “mercantilização penetrou em todos os setores da sociedade: a saúde, a educação, o esporte, o mundo das artes e do entretenimento e até nos grupos das importantes religiões e das igrejas, com seus programas de TV e de rádio.” A predominância da economia na sociedade acabou favorecendo o crescimento da injustiça social. No mesmo momento, o modelo de desenvolvimento dominante vem buscando constantemente o crescimento econômico e acabou ultrapassando os limites da suportabilidade da natureza e da terra, em detrimento do desenvolvimento sustentável. Como bem-relatado na presente coletânea, a estabilidade econômica, no Brasil, se manteve em detrimento das demandas dos movimentos populares, dificultando a realização dos direitos sociais.
A segurança alimentar e nutricional (SAN), da forma como é conceituada no Brasil, incorpora exatamente essa visão de Leonardo Boff. Aliás, as mudanças que vêm ocorrendo no mundo acabam influenciando os hábitos alimentares e o comportamento humano de um modo geral. Os reflexos dessas transformações na SAN ou na Insegurança Alimentar e Nutricional (Isan) são bem evidentes. Assim sendo, o olhar multidimensional sobre a SAN se impõe para quem ambiciona contribuir na manutenção da qualidade de vida e promover o direito humano à alimentação adequada (DHAA) na sociedade.
Nesse sentido os autores da coletânea acertam a temática de interesse, que, sem dúvida nenhuma, é de grande interesse para todos os que se dedicam à promoção do DHAA.
O conteúdo da coletânea incorpora várias dimensões da SAN. Entre outros, os autores descrevem o desenvolvimento histórico da bem-sucedida experiência brasileira e analisam o impacto das políticas públicas de interesse numa perspectiva multidimensional. A identificação de avanços e dos obstáculos que vêm sendo enfrentados subsidiará qualquer iniciativa que busca adequar determinados procedimentos para que a continuidade do processo de construção do Sistema Nacional de SAN não seja interrompida e/ou avance com as menores dificuldades possíveis. Serve também para alertar os muitos países que buscam inspiração na experiência brasileira. Entre outros resultados dos esforços atribuídos à Política Brasileira de SAN, destaca-se o fato de o país ter saído do Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação [FAO], o que se traduz por existência do índice de desnutrição cada vez mais baixo e tendência declinante da taxa de mortalidade na infância. Apesar dos incontestáveis avanços, o modelo de desenvolvimento é ainda objeto de críticas. Os mesmos questionamentos que Josué de Castro formulou desde a década de 1940 persistem na atualidade. A monocultura, que vem sendo desenvolvida via uso abusivo e indiscriminado de agrotóxicos, e a tendência crescente da disponibilidade de alimentos transgênicos no mercado ainda geram preocupação a tal ponto que o Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Fbssan) e o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea Nacional) elegeram como lema da 5a Conferência Nacional de SAN, olhando para essas preocupações: “Comida de verdade no campo e na cidade: por direitos e soberania alimentar.” A publicidade antiética dos alimentos vem contribuindo para mudança inadequada dos hábitos alimentares. Arroz com feijão, que mais identifica os brasileiros e brasileiras, vem sendo substituído por alimentos ultraprocessados de tal forma que, mesmo nos grupos populacionais ainda em situação de vulnerabilidade alimentar, a prevalência da obesidade e de outras doenças crônicas não transmissíveis já alcançou um patamar assustador, impactando negativamente a qualidade de vida da população.
Alergias e intolerâncias alimentares, junto com a poluição ambiental, já preocupam a sociedade. Entre os povos e comunidades tradicionais, a terra e o território, a preservação da agrobiodiversidade, das nascentes e dos rios continuam sendo sérios desafios. Cabe salientar que a insegurança alimentar e nutricional, nos seus diferentes graus, particularmente nos grupos populacionais específicos, ainda se constitua importante problema.
Com propriedade, os autores salientam o papel da educação alimentar e nutricional enquanto ferramenta do DHAA. Ações educativas são objeto de reflexão enquanto oportunidades de debates. A mobilização da sociedade civil, que vem se processando nos países nas últimas décadas e que se tornou o grande diferencial do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, é descrita com destaque.
Finalmente, a leitura da coletânea parece obrigatória para diferentes atores sociais, incluindo-se profissionais de diferentes áreas, pesquisadores, lideranças comunitárias e militantes da área. Sabe-se que o Brasil atravessa uma fase difícil, como acontece em qualquer país. No entanto, não se pode aceitar qualquer tipo de retrocesso. A questão alimentar requer uma alta dose de conscientização. Assim sendo, é preciso refletir sobre ela, identificando os avanços e possíveis obstáculos para que o processo de construção em curso não seja interrompido. A presente obra vem contribuir nessa direção. É um orgulho prefaciá-la.

Metadado adicionado por Lamparina em 29/10/2020

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Metadados completos:

  • 9786588791004
  • Livro Impresso
  • Conflitos e construção coletiva
  • a segurança alimentar e nutricional em questão
  • 1 ª edição
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  • Pacheco, Maria Emília Lisboa (Autor), Aguiar, Odaleia Barbosa de (Autor), Kraemer, Fabiana Bom (Autor), Marconsin, Cleier (Autor), Alentejano, Paulo (Autor), Casemiro, Juliana (Autor), Souto, Renata Lucia (Autor), Schneider, Olivia (Organizador), Padrão, Susana Moreira (Organizador), Kitoko, Pedro Makumbundu (Prefácio)
  • Fome no Brasil, Abastecimento de alimentos, Direitos Humanos, Direitos fundamentais, Política alimentar, Alimentação na escola, Restaurantes populares, Sociedade do capital, Agricultura familiar, Agroecologia, Hegemonia do capital financeiro, Acesso à água, Semiárido brasileiro, Comida é patrimônio, FBSSAN, Agronegócio e insegurança alimentar, Mapa da fome, História da fome no Brasil, Josué de Castro, Betinho e Fome Zero
  • Humanidades
  • 36380981
  • Políticas Públicas / Serviços Sociais e Bem-Estar Social (POL019000), Ciências Sociais / Geral (SOC000000), Direito / Geral (LAW000000)
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  • 2020
  • 21/10/2020
  • Português
  • Brasil
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  • Livre para todos os públicos
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  • 14 x 21 x 1 cm
  • 0.23 kg
  • Brochura
  • 200 páginas
  • R$ 55,00
  • 49019900 - livros, brochuras e impressos semelhantes
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  • 9786588791004
  • C759
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Metadados adicionados: 29/10/2020
Última alteração: 26/01/2023
Última alteração de preço: 26/01/2023

Sumário

Pedro Makumbundu Kitoko
Prefácio 9

Maria Emília Lisboa Pacheco
Tempos de resistência contra a cegueira e em defesa da política nas ruas:
à guisa de apresentação 12

Susana Moreira Padrão e Olivia Schneider
O olhar multidimensional sobre a segurança alimentar e nutricional 15

Odaleia Barbosa de Aguiar e Fabiana Bom Kraemer
Equipamento de segurança alimentar e nutricional:
um olhar sobre os restaurantes populares no Rio de Janeiro 28

Cleier Marconsin
O direito à alimentação como parte dos direitos sociais na sociedade do capital:
um debate sobre suas origens 47

Paulo Alentejano
Expansão do agronegócio e insegurança alimentar no Brasil 60

Alan Freihof Tygel e Natália Almeida Souza
Agrotóxicos, transgênicos e o direito humano à alimentação saudável 79

Juliana Casemiro
A educação alimentar e nutricional e o direito à alimentação na escola:
limites, desafios e oportunidades 104

Marcio Mattos de Mendonça, Bruno Azevedo Prado, Claudemar Mattos e Renata Lucia Souto
Agricultura familiar, agroecologia e o direito humano à alimentação adequada 118

Susana Moreira Padrão
Os limites colocados para segurança alimentar e nutricional
no contexto de consolidação da hegemonia do capital financeiro 132

Olivia Maria Ferreira Schneider
Processos formativos doscom os movimentos sociais:
a segurança alimentar e nutricional em questão 149

Irio Luiz Conti e Malvinier Macedo
Acesso à água e segurança alimentar e nutricional no Semiárido brasileiro 166

Juliana Casemiro, Vanessa Schottz e Juliana Dias
Alimentação é direito e comida é patrimônio:
os 20 anos de luta e mobilização do FBSSAN 182



Áreas do selo: ArtesAutoajudaConcurso públicoEducaçãoHumanidadesInfantojuvenilLiteratura estrangeiraLiteratura nacionalSaúde, esporte e lazerTécnicosTeoria e crítica literária

A Lamparina editora foi criada em 2004, no Rio de Janeiro. No catálogo inicial, obras de literatura — ensaios, romances, textos infantojuvenis, poesia e teatro. Em 2007, a Lamparina incorporou ao catálogo títulos da DP&A editora. O nome é inspirado na infância da editora Tereza Andrade – que lia à luz de lamparina quando criança –, e uma referência ao objeto, que, com querosene ou óleo, é combustível ao saber, ao conhecimento, à curiosidade. Pavio que, aceso, produz chama que ilumina. Hoje, com o designer Fernando Rodrigues como sócio e responsável pela produção editorial e gráfica, a Lamparina abrange em seu catálogo obras de excelência de ciências humanas e sociais, comunicação, arte, direito, educação e pedagogia, filosofia, geografia, história, ciências políticas, arquitetura e urbanismo. Nossos títulos e autores receberam reconhecimento em prêmios, indicações a prêmios literários e/ou foram adotados em programas de fomento à leitura, além de citados em trabalhos e recomendados em bibliografias para concursos de relevo. Com 16 anos de existência, Lamparina publicou obras dos mais respeitados pensadores e pesquisadores brasileiros e internacionais, referências em vários centros de ensino. Entre os nossos autores e ilustradores estão Heliana Conde, Stuart Hall, Milton Santos, Massimo Canevacci, Rosimeri de Oliveira Dias, Regina Abreu, Donaldo Schüler, Maria Esther Maciel, Antonio Negri, Walter Omar Kohan, Elvira Vigna, Maria Amália de Oliveira, Lília Ferreira Lobo, Erika Moreira Martins, Maria Lúcia Lemme Weiss, Márcio Piñon, Julia Adão Bernardes, Estela Scheinvar, Ana Clara Torres Ribeiro, Catia Antonia Silva, Henri Acselrald, Hassan Zaoual, Marcio Caetano, Paulo Malgaço da Silva Junior, Acácio Augusto. #lamparinaeditora #leialamparina

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