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Livro Impresso

Psicologia favelada
ensaios sobre a construção de uma perspectiva popular em psicologia



Gonçalves, Mariana Alves (Autor)

Psicologia, favela


Sinopse

As reflexões propostas no livro não fornecem um arsenal teórico psicológico dirigido para a favela tal como foi outrora dirigido para a doença mental, para os problemas do trabalho ou da educação. É a própria objetividade psicológica que é questionada. Diferentemente, um movimento primordial anima este texto, um movimento que opera uma inversão de perspectiva. E o faz de maneira provocativa: em lugar de produzir uma psicologia da favela, proclama a produção de uma psicologia favelada.

Mariana narra como seu percurso na formação em Psicologia, aliada tanto à pesquisa como ao trabalho no território, a levou a identificar que alguns pressupostos difundidos entre as teorias psicológicas e difusamente presentes nas aulas dos curso de graduação se articulam com certa perspectiva elitista e produzem em seu desdobramento profissionalizante uma elite intelectual e profissional cujas ações precisavam ser analisadas para que esta inversão fosse produzida.

Três caminhos foram explorados neste livro. O primeiro se vale da inversão mencionada para analisar o plano da formação, da ordenação conceitual e do exercício da profissão. A análise dos projetos comunitários da psicologia, de sua história e de seus investimentos delineia um cenário de amplas capturas e algumas insurgências. Se o projeto “comunitário” parece ao leitor desavisado ou ao estudante ávido de participação social a garantia de uma ação humanizante da psicologia, descobrimos capturas conceituais sobre o termo comunidade que mantém o especialismo e o individualismo. Descobrimos algumas lutas pelo domínio acadêmico da, assim chamada, etiqueta “Psicologia comunitária”. As análises sobre o projeto comunitário, sobre a noção de comunidade, sobre a prática profissional voltada à transformação social e sobre a própria Psicologia Comunitária nos mostram onde encontrar a luta que importa.

Propor uma psicologia favelada emana certamente de experiências da autora em favelas no Rio de Janeiro. O próprio termo “favela” necessita, entrementes, ser detalhado. Suas histórias, seus narradores, as elaborações conceituais em torno da “favela” revelaram não apenas um pouco mais das favelas mas também o lugar de verdade em que se situa frequentemente o discurso acadêmico e as ações do Estado. Falar sobre a favela exige também ouvir a favela, exige mais uma volta do parafuso, isto é, exige falar com a favela. Inversão metodológica, a favela não constitui objeto de investigação, mas a referência da perspectiva, o ponto problematizador da psicologia. Além disso, as narrativas dos processos de lutas e resistências ali presentes fortalecem o protagonismo da favela, destituem os discursos que concebem as favelas essencialmente como lugar da falta e da violência.

As experiências da autora em favelas materializam a difícil tarefa de atuar no plano da subjetivação. Recusado o especialismo psicológico, analisada a relação dialética da favela com a cidade, conhecidas algumas das lutas, foi preciso expor experiências situadas do encontro entre psicologia e favela. Abandonar o essencialismo de categorias e perspectivas centrais da psicologia hegemônica não significa abandonar a psicologia. Há uma traição neste ato, mas daquela que se recusa a manter um estado de coisas desumanizador. Humanizar a favela como psicóloga é também humanizar a psicologia.

Este livro constitui uma afirmação da psicologia, um alento para a insurgência acadêmica, para a desacomodação conceitual e profissional de psicólogas e psicólogos. Leitura rica e fortalecedora para todas e todos que pretendem conhecer a atuar em comunidades, o livro também se apresenta como material necessário para a formação em Psicologia. É próprio à andadura acadêmica lidar com a diversidade, se valer dos conflitos conceituais e de experiências inovadoras para transformar suas teorias e suas práticas. Os cursos de psicologia terão certamente muito a ganhar com esta Psicologia favelada: ensaios sobre a construção de uma perspectiva popular em psicologia.

[do prefácio de Francisco Teixeira Portugal]

Metadado adicionado por Mórula Editorial em 20/05/2021

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ISBN relacionados

9786586464115 (ISBN do e-book em ePUB)


Metadados completos:

  • 9788565679862
  • Livro Impresso
  • Psicologia favelada
  • ensaios sobre a construção de uma perspectiva popular em psicologia
  • 1 ª edição
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  • Gonçalves, Mariana Alves (Autor)
  • Psicologia, favela
  • Humanidades
  • 302
  • Ciências Sociais / Geral (SOC000000)
  • --
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  • 2021
  • 01/01/2021
  • Português
  • Brasil
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  • Livre para todos os públicos
  • --
  • 14 x 21 x 0.1 cm
  • 0.3 kg
  • Brochura
  • 252 páginas
  • R$ 40,00
  • 49019900 - livros, brochuras e impressos semelhantes
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  • 9788565679862
  • 009
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Metadados adicionados: 20/05/2021
Última alteração: 20/05/2021

Sumário

9 PREFÁCIO
13 INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I 50 A emergência de um projeto popular
e comunitário em Psicologia: sinais
de captura e insurgência
55 Das críticas à psicologia: a psicologia social crítica
62 Estudos sobre a profissão de psicólogo no Brasil
68 O debate entre o compromisso e a função social
do psicólogo
79 O projeto comunitário d(n)a psicologia
99 Entre as capturas e insurgências do projeto comunitário
CAPÍTULO II 118 F-A-V-E-L-A: histórias, sentidos e lutas
120 Mitos de origem e história das favelas na cidade
do Rio de Janeiro
130 Favela, comunidade, bairro, território —
o que é favela, afinal?
155 Sonhar ou sobreviver — insurgências e capturas
nas favelas
CAPÍTULO III 168 Narrativas sobre os (des)encontros
entre psicologia e favela na cidade
do Rio de Janeiro
173 Vigário Geral — um punho cerrado corta o ar
201 Um debate sobre terceiro setor na Maré
207 Maria, Maria, uma força que nos alerta —
militância e psicologia no Cerro-Corá
211 Racismo, psicologia e transformação no Cantagalo
214 A revolução dos pesquisadores do Borel —
outros punhos cerrados cortam o ar
223 Psicólogos favelados em formação?

229 CONCLUSÃO

Considerações sobre a construção
de uma perspectiva popular em psicologia
241 REFERÊNCIAS



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